Aqui você vai conhecer histórias de mundos tão distintos...o mundo das formigas e o mundo dos gafanhotos. O mundo físico é o mesmo mas as crenças e valores são outros.

Thursday, October 05, 2006

Como uma formiga educa um filho

Ninguém mais tem dúvida que educação é o principal problema do Brasil. Mas como formar cidadãos que tenham uma educação formal de excêlencia e que acreditem realmente no potencial que tem?
Eu tenho 2 filhos. Um casal. A menina tem 7 anos e o menino tem 1 ano e pouco. Na verdade a menina não é minha filha biológica. Mas como pai é quem cria, eu tenho 2 filhos.
Uma coisa me preocupa mais ou tanto quanto uma sólida educação formal. As crenças me preoucupam. Crenças são generalizações profundas sobre causas, significados, limites no mundo que nos rodeia, em nossos comportamentos, nossas capacidades e em nossa identidade. Crenças são as “lentes” pelas quais vemos o mundo e criamos a nossa realidade. O conjunto de crenças de uma nação forma o que os psicólogos chamam de inconsciente coletivo e é extremamente contagioso. Você pode entender isso muito bem se andar no metrô do Rio de Janeiro na linha 2. Fique atento as conversas e você verá e entenderá o que é o inconsciente coletivo do Brasil e garanto a você que eu posso sim generalizar dessa maneira(“tá muito difícil!”, “não tenho um aumento há 3 anos”, “hoje a noite tem jogo do flamengo”, “o mercado tá pagando mal”, “Estou pagando a última prestação das Casas Bahia”, “Se Deus quiser vai melhorar”, “Final de semana tá chegando graças a Deus!”) . Se você andar muito na linha 2 do metrô sem um fone de ouvido ou sem ler um livro você corre um sério risco de se contaminar (se é que ainda existe alguma formiga sem o mínimo de contaminação). Eu costumo dizer para minha filha que existem 3 coisas muito importantes que uma pessoa precisa ter/ser/fazer para não ser mais 1 na multidão, e que infelizmente, os malditos gafanhotos tem pelo menos as duas últimas: 1) Dominar a matemática. 2) Ter crença na abundância. 3) Se relacionar muito bem com as pessoas. No nosso sistema de ensino, a primeira é a única que se aprende na escola. Fica a meu cargo e a cargo da mãe dos meus filhos então ser exemplo nas duas últimas “coisas”. Mas como ser exemplo sendo uma formiga? Não que as formigas não tenham a capacidade de ter as 3 coisas mas geralmente quando elas tem, sofrem um processo de mutação e se tornam gafanhotos. Eu sou um bom comunicador e péssimo na matemática. Já achei que tinha mais crença na abundância mas hoje me acho muito medroso e o medo está diretamente relacionado à crença na escassez. O que ainda me conforta é que de qualquer maneira, na idade atual dos meus filhos, ainda dá pra passar que eu sou exemplo de tudo isso, inclusive crânio da matemática quando ajudo minha filha a resolver os exercícios da primeira série.
Eu tenho 26 anos e sou mais uma formiga na multidão. Mas a mudança já está bem decidida.

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